James Scott Bell

Obtendo Ideias para sua História e Roteiro

Os melhores vinte e um caminhos para se conseguir uma ideia. Retirado do livro Plot and Structure. Comentários em itálico por Sandro Massarani 1. O que aconteceria se? - Leia artigos de jornais, veja TV, filmes, e faça a pergunta: "O que aconteceria se..." - Qualquer assunto pode se tornar uma grande história. Não existe tema trivial. Um bom escritor retira do cotidiano todas as características necessárias para uma boa obra. Nunca se esqueça disso. Não existe assunto ruim, e sim história ruim. 2. Títulos - Invente um bom título e veja se sai algo dele. - Os melhores títulos são impactantes ao mesmo tempo que dizem algo sobre a obra. Parta de uma palavra ou frase de efeito e veja o que pode brotar do seu pensamento. 3. Lista - Faça uma lista de palavras curtas que venha a sua cabeça, e que possa inclusive evocar lembranças. - O importante é ter a mente aberta. Tente fazer conexões com as palavras que forem surgindo, o que consiste em um excelente exercício de criatividade. 4. Assuntos - Assuntos polêmicos e nem tão polêmicos geralmente dão boas idéias: aborto, meio-ambiente, controle de armas, política, pessoas que conversam em celulares dentro do carro. Escolha um assunto que faça as pessoas se interessarem, escolha um lado moral e prepare um bom argumento para sua defesa. É fundamental preparar também um bom argumento para a oposição! Evite o mundo preto e branco. Trate os personagens com respeito. Mas lembre-se: Ficção não é sermão. - Assuntos polêmicos são boas fontes de histórias. O cuidado reside em não escolher um tema que fique datado e ultrapassado com o passar do tempo. Como Bell destacou acima, o escritor deve ter muito cuidado ao expor suas opiniões pessoais em uma obra. A opinião deve estar bem implícita e vir naturalmente, de mãos dadas com a narrativa. Poucas coisas são mais desagradáveis do que uma obra que obriga a audiência a adotar o ponto de vista inflexível de um autor, sem dar espaços para reflexões. 5. Veja o filme - Faça um filme passar pela sua cabeça, com idéias que você ache interessante. - Outro excelente exercício de criatividade. Construa em sua mente o filme, os ângulos da câmera, os cenários, a aparência dos personagens e todo o resto. É necessário um conhecimento em técnicas narrativas visuais. Isso estimula sua cabeça e enriquece as descrições. Para a escrita de livros é muito importante. Se for um roteiro para cinema ou para quadrinhos, há a questão da coletividade, onde outros artistas vão também impor suas visões. Por isso, o escritor tem que estar preparado para lidar com essas mudanças que fatalmente acontecerão. Na maioria das vezes, a obra que é imaginada pelo escritor não é passada para o meio visual da maneira como ele inicialmente a havia concebido, devido a diversas alterações realizadas por outros. 6. Ouça - Ouça uma música a seu gosto, relaxe e veja as idéias pipocarem em sua mente. - Música em ambiente de trabalho é algo bastante pessoal. Mas deitar e relaxar ouvindo um bom som pode ajudar a estimular idéias interessantes. 7. Personagem Primeiro - Desenvolva um personagem dinâmico e veja até onde ele o levará. Visualize, recrie alguém que você conheça mudando alguns detalhes importantes (como sexo por exemplo). Veja obituários. O que de pior pode acontecer a este personagem? Essa pergunta pode ser a origem de sua obra. - Muitas vezes é o personagem que surge antes da história. Isso é algo que o escritor não tem controle. E quanto mais difíceis forem os problemas que esse personagem terá de enfrentar, mais a história ganhará em força dramática e mais ligações a audiência terá com o destino deste protagonista. Coloque-o em situações imprevisíveis e desesperadoras, e sua obra pulsará uma intensa energia. 8. Roube dos melhores - Pegue a idéia central de um grande autor e adapte. Não é um furto barato que você deve fazer, e sim se inspirar nesse enredo. - Na verdade é isso o que praticamente todo escritor faz, consciente ou inconsciente. Somos um acúmulo de nossas experiências anteriores, e devemos utilizá-las acrescentando nosso toque pessoal. Até os grandes e lendários escritores utilizam este processo de inspiração. Pegue uma obra que tenha lhe marcado muito e procure trabalhar sobre ela. O que você poderia mudar? Acrescentar? Retirar? 9. Mude o gênero de lugar - Por exemplo, Star Wars não deixa de ser um faroeste no espaço. Misture gêneros, convenções e expectativas. - Como comentado no item anterior, é bastante comum pegarmos uma obra já feita como ponto de partida. Aqui o escritor pega um estilo tradicional e o coloca em outros locais no espaço e no tempo. Esse método pode gerar produtos incomuns e interessantes, como um filme de detetive no Brasil Colonial ou um romance tendo a Mongólia como pano de fundo. O escritor deve sempre mexer na obra como se ela fosse um quebra-cabeça. 10. Antecipe uma moda, mania, tecnologia - Se você conseguir escrever sobre algo ou algum assunto antes dele estourar você pode se dar bem. Pesquise revistas como Scientific American, Times, Newsweek (não esquecer das revistas brasileiras), analise as tecnologias de ponta e imagine-as daqui a alguns anos. - Não preciso nem comentar profundamente que todo escritor deve ser “culto” e ler a maior quantidade de publicações e conhecer os assuntos mais diversos. Quanto mais atualizado for o escritor, maior será a sua chance de criar uma obra duradoura e evitar os malditos clichés. 11. Leia os Jornais - Uma das melhores maneiras de se obter idéias. Experimente olhar não só as manchetes de jornais, mas as pequenas notas, o obituário, até a seção de esportes. Como escrevi anteriormente, para um bom escritor não existe assunto ruim, e qualquer tópico pode ser a matéria-prima de uma grande história. 12. Pesquise - futuque livros, internet, tente aprender assuntos novos. - O escritor deve por natureza ser curioso e sempre buscar o conhecimento. A experiência de vida é uma das melhores ajudas que o autor pode ter. Não vou chegar ao radicalismo de dizer que só se deve escrever após os 30 anos, como já ouvi várias vezes, mas o "banco de dados" de nossa mente deve estar sempre atualizado. 13. "O assunto que eu realmente quero escrever é........" - Complete a frase acima e você terá um pequeno esboço da obra a ser escrita. Na verdade, o escritor sempre deve falar sobre o que tem vontade, senão sua linguagem acaba se tornando artificial, vazia e sem paixões, como a maioria dos filmes e livros dos últimos tempos, que buscam somente atingir o "mercado" e obter lucros. O escritor não deve pensar em dinheiro e fama, ainda mais em um país como o Brasil. É um luxo quase inimaginável em nosso país viver somente da escrita. Logo, vamos escrever sobre o que realmente temos vontade, e não para agradar um ou outro executivo. É lógico que existem exceções, mas não há nada mais infeliz do que um autor de uma novela, por exemplo, ter que alterar constantemente a obra e características de personagens por causa de índices de audiência e testes de popularidade de personagens. 14. Obsessão - A obsessão geralmente descortina as mais profundas emoções. Empurra o personagem para a ação. O que provoca a obsessão do seu personagem? Ego? Aparência? Luxúria? Carreira? - Basta lembrarmos de obras como Atração Fatal (Adrian Lyne, 1987) e a trilogia Senhor dos Anéis para termos uma noção de como a obsessão pode se tornar o ponto central de uma obra. O escritor deve conduzir este tipo de história de maneira cautelosa, de modo a fazer com que a obsessão transborde para a audiência de maneira real. O personagem obcecado deve realmente ter fortes razões para possuir esse comportamento, e seu objeto de desejo deve para seus olhos ser extremamente valioso. 15. Linhas de abertura - Faça uma linha de abertura de impacto e siga sua direção. - Uma linha ou imagem de abertura pomposa e impactante geralmente atiça a curiosidade da audiência e já desde o início prende sua atenção. Ache o tom certo, sem exageros, tendo a certeza de que um bom começo é sempre um bom sinal, e à partir desta frase ou imagem crie o resto da obra. 16. Escreva um prólogo - Não precisa envolver o personagem principal, mas tem que ser algo excitante, misterioso, chocante. O público tem que dizer: "Ei, preciso continuar lendo/vendo essa obra!" - Um prólogo bem escrito é como um Gancho, ou seja, tem a função de "prender" a atenção da audiência. Geralmente evita um início arrastado e já prepara o terreno para o que estar por vir. Um dos melhores exemplos de prólogo, ainda que um pouco longo, é o de Caçadores da Arca Perdida (Steven Spielberg, 1981). Spielberg faz Indiana Jones atravessar no início do filme uma grande aventura em poucos minutos, para só depois colocá-lo em seu Mundo Ordinário como professor de Arqueologia. Reparem como o filme perderia muito do seu impacto se essa ordem fosse trocada e ele começasse de forma lenta. 17. Faça um mapa da mente - Escreva tudo que vier na sua cabeça que for relacionado com determinado assunto, época, espaço ou lugar que você deseja escrever. - Parecida com algumas dicas anteriores. Faça uma lista de palavras e frases só que agora tenha em mente uma direção a seguir, evitando colocar as palavras de forma totalmente aleatória. 18. Socko Ending - Faça também um linha final inspirada, que deixe os leitores estupefatos e pensativos. - Assim como uma linha de abertura chamativa convida o público a se aprofundar na obra, uma linha de conclusão bem construída fecha a história mas acaba mantendo a atenção da audiência, que continua pensando sobre o que aconteceu por horas, dias e até por toda a vida, como no caso de grandes obras. Uma conclusão bem feita não significa uma conclusão rápida e um corte repentino no que está acontecendo, mas sim algo trabalhado cujo fim pode mudar a vida de alguém. Pense nisso. Por que não iniciar sua obra pelo final? Na verdade, o final é talvez uma das primeiras etapas que o escritor tenha que preparar, pois fornece um forte senso de direção na hora do processo da escrita, principalmente para dar rumo aos personagens. 19. Ocupações - tente fazer um livro sobre profissões, mas que seja interessante e não mostre um cotidiano chato para o leitor. - Obras relacionadas a ambientes de trabalho são comuns, principalmente nas áreas de Direito, Medicina e na Policial. Seria incomum e interessante vermos mais obras relacionadas a outras profissões, mas deve-se ter o cuidado para não produzir algo monótono. O ponto chave aqui é transformar qualquer profissão em uma aventura, mas isso não é fácil. 20. Desespero - saia escrevendo. Coloque tinta no papel. Depois veja no que dá. - Realmente não gosto dessa dica, e não a recomendo. Uma obra sempre deve ter o mínimo de planejamento. A tática do desespero pode até ajudar em certo ponto, mas não deve ser a base da escrita. Sempre lembrando que praticamente 99% das obras não ficam prontas quando o autor acaba de escrevê-las pela primeira vez. As etapas de revisão são muitas vezes mais importantes que o chamado primeiro draft. Revise e revise e revise. 21. Dicionário - Abra o dicionário em qualquer página e veja uma palavra. Veja outra. Tente ligar as duas. Essa dica também funciona para cenas. - Também uma dica na base do desespero, mas que pode dar algum resultado. Serve melhor como exercício. *** Bons estudos, e não se esqueçam que só aprendemos praticando e errando. As primeiras histórias sempre sairão com falhas, mas é comum, até para o grandes.
tópicos sobre narrativa, roteiros e mundos virtuais
Além do Cotidiano
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James Scott Bell

Obtendo Ideias para sua História e Roteiro

Os melhores vinte e um caminhos para se conseguir uma ideia. Retirado do livro Plot and Structure. Comentários em itálico por Sandro Massarani 1. O que aconteceria se? - Leia artigos de jornais, veja TV, filmes, e faça a pergunta: "O que aconteceria se..." - Qualquer assunto pode se tornar uma grande história. Não existe tema trivial. Um bom escritor retira do cotidiano todas as características necessárias para uma boa obra. Nunca se esqueça disso. Não existe assunto ruim, e sim história ruim. 2. Títulos - Invente um bom título e veja se sai algo dele. - Os melhores títulos são impactantes ao mesmo tempo que dizem algo sobre a obra. Parta de uma palavra ou frase de efeito e veja o que pode brotar do seu pensamento. 3. Lista - Faça uma lista de palavras curtas que venha a sua cabeça, e que possa inclusive evocar lembranças. - O importante é ter a mente aberta. Tente fazer conexões com as palavras que forem surgindo, o que consiste em um excelente exercício de criatividade. 4. Assuntos - Assuntos polêmicos e nem tão polêmicos geralmente dão boas idéias: aborto, meio-ambiente, controle de armas, política, pessoas que conversam em celulares dentro do carro. Escolha um assunto que faça as pessoas se interessarem, escolha um lado moral e prepare um bom argumento para sua defesa. É fundamental preparar também um bom argumento para a oposição! Evite o mundo preto e branco. Trate os personagens com respeito. Mas lembre-se: Ficção não é sermão. - Assuntos polêmicos são boas fontes de histórias. O cuidado reside em não escolher um tema que fique datado e ultrapassado com o passar do tempo. Como Bell destacou acima, o escritor deve ter muito cuidado ao expor suas opiniões pessoais em uma obra. A opinião deve estar bem implícita e vir naturalmente, de mãos dadas com a narrativa. Poucas coisas são mais desagradáveis do que uma obra que obriga a audiência a adotar o ponto de vista inflexível de um autor, sem dar espaços para reflexões. 5. Veja o filme - Faça um filme passar pela sua cabeça, com idéias que você ache interessante. - Outro excelente exercício de criatividade. Construa em sua mente o filme, os ângulos da câmera, os cenários, a aparência dos personagens e todo o resto. É necessário um conhecimento em técnicas narrativas visuais. Isso estimula sua cabeça e enriquece as descrições. Para a escrita de livros é muito importante. Se for um roteiro para cinema ou para quadrinhos, há a questão da coletividade, onde outros artistas vão também impor suas visões. Por isso, o escritor tem que estar preparado para lidar com essas mudanças que fatalmente acontecerão. Na maioria das vezes, a obra que é imaginada pelo escritor não é passada para o meio visual da maneira como ele inicialmente a havia concebido, devido a diversas alterações realizadas por outros. 6. Ouça - Ouça uma música a seu gosto, relaxe e veja as idéias pipocarem em sua mente. - Música em ambiente de trabalho é algo bastante pessoal. Mas deitar e relaxar ouvindo um bom som pode ajudar a estimular idéias interessantes. 7. Personagem Primeiro - Desenvolva um personagem dinâmico e veja até onde ele o levará. Visualize, recrie alguém que você conheça mudando alguns detalhes importantes (como sexo por exemplo). Veja obituários. O que de pior pode acontecer a este personagem? Essa pergunta pode ser a origem de sua obra. - Muitas vezes é o personagem que surge antes da história. Isso é algo que o escritor não tem controle. E quanto mais difíceis forem os problemas que esse personagem terá de enfrentar, mais a história ganhará em força dramática e mais ligações a audiência terá com o destino deste protagonista. Coloque-o em situações imprevisíveis e desesperadoras, e sua obra pulsará uma intensa energia. 8. Roube dos melhores - Pegue a idéia central de um grande autor e adapte. Não é um furto barato que você deve fazer, e sim se inspirar nesse enredo. - Na verdade é isso o que praticamente todo escritor faz, consciente ou inconsciente. Somos um acúmulo de nossas experiências anteriores, e devemos utilizá-las acrescentando nosso toque pessoal. Até os grandes e lendários escritores utilizam este processo de inspiração. Pegue uma obra que tenha lhe marcado muito e procure trabalhar sobre ela. O que você poderia mudar? Acrescentar? Retirar? 9. Mude o gênero de lugar - Por exemplo, Star Wars não deixa de ser um faroeste no espaço. Misture gêneros, convenções e expectativas. - Como comentado no item anterior, é bastante comum pegarmos uma obra já feita como ponto de partida. Aqui o escritor pega um estilo tradicional e o coloca em outros locais no espaço e no tempo. Esse método pode gerar produtos incomuns e interessantes, como um filme de detetive no Brasil Colonial ou um romance tendo a Mongólia como pano de fundo. O escritor deve sempre mexer na obra como se ela fosse um quebra-cabeça. 10. Antecipe uma moda, mania, tecnologia - Se você conseguir escrever sobre algo ou algum assunto antes dele estourar você pode se dar bem. Pesquise revistas como Scientific American, Times, Newsweek (não esquecer das revistas brasileiras), analise as tecnologias de ponta e imagine-as daqui a alguns anos. - Não preciso nem comentar profundamente que todo escritor deve ser “culto” e ler a maior quantidade de publicações e conhecer os assuntos mais diversos. Quanto mais atualizado for o escritor, maior será a sua chance de criar uma obra duradoura e evitar os malditos clichés. 11. Leia os Jornais - Uma das melhores maneiras de se obter idéias. Experimente olhar não só as manchetes de jornais, mas as pequenas notas, o obituário, até a seção de esportes. Como escrevi anteriormente, para um bom escritor não existe assunto ruim, e qualquer tópico pode ser a matéria-prima de uma grande história. 12. Pesquise - futuque livros, internet, tente aprender assuntos novos. - O escritor deve por natureza ser curioso e sempre buscar o conhecimento. A experiência de vida é uma das melhores ajudas que o autor pode ter. Não vou chegar ao radicalismo de dizer que só se deve escrever após os 30 anos, como já ouvi várias vezes, mas o "banco de dados" de nossa mente deve estar sempre atualizado. 13. "O assunto que eu realmente quero escrever é........" - Complete a frase acima e você terá um pequeno esboço da obra a ser escrita. Na verdade, o escritor sempre deve falar sobre o que tem vontade, senão sua linguagem acaba se tornando artificial, vazia e sem paixões, como a maioria dos filmes e livros dos últimos tempos, que buscam somente atingir o "mercado" e obter lucros. O escritor não deve pensar em dinheiro e fama, ainda mais em um país como o Brasil. É um luxo quase inimaginável em nosso país viver somente da escrita. Logo, vamos escrever sobre o que realmente temos vontade, e não para agradar um ou outro executivo. É lógico que existem exceções, mas não há nada mais infeliz do que um autor de uma novela, por exemplo, ter que alterar constantemente a obra e características de personagens por causa de índices de audiência e testes de popularidade de personagens. 14. Obsessão - A obsessão geralmente descortina as mais profundas emoções. Empurra o personagem para a ação. O que provoca a obsessão do seu personagem? Ego? Aparência? Luxúria? Carreira? - Basta lembrarmos de obras como Atração Fatal (Adrian Lyne, 1987) e a trilogia Senhor dos Anéis para termos uma noção de como a obsessão pode se tornar o ponto central de uma obra. O escritor deve conduzir este tipo de história de maneira cautelosa, de modo a fazer com que a obsessão transborde para a audiência de maneira real. O personagem obcecado deve realmente ter fortes razões para possuir esse comportamento, e seu objeto de desejo deve para seus olhos ser extremamente valioso. 15. Linhas de abertura - Faça uma linha de abertura de impacto e siga sua direção. - Uma linha ou imagem de abertura pomposa e impactante geralmente atiça a curiosidade da audiência e já desde o início prende sua atenção. Ache o tom certo, sem exageros, tendo a certeza de que um bom começo é sempre um bom sinal, e à partir desta frase ou imagem crie o resto da obra. 16. Escreva um prólogo - Não precisa envolver o personagem principal, mas tem que ser algo excitante, misterioso, chocante. O público tem que dizer: "Ei, preciso continuar lendo/vendo essa obra!" - Um prólogo bem escrito é como um Gancho, ou seja, tem a função de "prender" a atenção da audiência. Geralmente evita um início arrastado e já prepara o terreno para o que estar por vir. Um dos melhores exemplos de prólogo, ainda que um pouco longo, é o de Caçadores da Arca Perdida (Steven Spielberg, 1981). Spielberg faz Indiana Jones atravessar no início do filme uma grande aventura em poucos minutos, para só depois colocá-lo em seu Mundo Ordinário como professor de Arqueologia. Reparem como o filme perderia muito do seu impacto se essa ordem fosse trocada e ele começasse de forma lenta. 17. Faça um mapa da mente - Escreva tudo que vier na sua cabeça que for relacionado com determinado assunto, época, espaço ou lugar que você deseja escrever. - Parecida com algumas dicas anteriores. Faça uma lista de palavras e frases só que agora tenha em mente uma direção a seguir, evitando colocar as palavras de forma totalmente aleatória. 18. Socko Ending - Faça também um linha final inspirada, que deixe os leitores estupefatos e pensativos. - Assim como uma linha de abertura chamativa convida o público a se aprofundar na obra, uma linha de conclusão bem construída fecha a história mas acaba mantendo a atenção da audiência, que continua pensando sobre o que aconteceu por horas, dias e até por toda a vida, como no caso de grandes obras. Uma conclusão bem feita não significa uma conclusão rápida e um corte repentino no que está acontecendo, mas sim algo trabalhado cujo fim pode mudar a vida de alguém. Pense nisso. Por que não iniciar sua obra pelo final? Na verdade, o final é talvez uma das primeiras etapas que o escritor tenha que preparar, pois fornece um forte senso de direção na hora do processo da escrita, principalmente para dar rumo aos personagens. 19. Ocupações - tente fazer um livro sobre profissões, mas que seja interessante e não mostre um cotidiano chato para o leitor. - Obras relacionadas a ambientes de trabalho são comuns, principalmente nas áreas de Direito, Medicina e na Policial. Seria incomum e interessante vermos mais obras relacionadas a outras profissões, mas deve-se ter o cuidado para não produzir algo monótono. O ponto chave aqui é transformar qualquer profissão em uma aventura, mas isso não é fácil. 20. Desespero - saia escrevendo. Coloque tinta no papel. Depois veja no que dá. - Realmente não gosto dessa dica, e não a recomendo. Uma obra sempre deve ter o mínimo de planejamento. A tática do desespero pode até ajudar em certo ponto, mas não deve ser a base da escrita. Sempre lembrando que praticamente 99% das obras não ficam prontas quando o autor acaba de escrevê-las pela primeira vez. As etapas de revisão são muitas vezes mais importantes que o chamado primeiro draft. Revise e revise e revise. 21. Dicionário - Abra o dicionário em qualquer página e veja uma palavra. Veja outra. Tente ligar as duas. Essa dica também funciona para cenas. - Também uma dica na base do desespero, mas que pode dar algum resultado. Serve melhor como exercício. *** Bons estudos, e não se esqueçam que só aprendemos praticando e errando. As primeiras histórias sempre sairão com falhas, mas é comum, até para o grandes.